“O nascimento de Messias foi na Fazenda Mutum, em Goiás, onde vivera a maioria das suas raízes. Esse povo chegou nessa região quando era habitada por índios. Na fazenda que Messias e seus irmãos nasceram, em uma casa de pau-a-pique, tudo que precisava era tirado da terra, com esforços da família, com exceção do sal e do querosene. No quintal, sempre tinha muitas galinhas, porcos criados no chiqueiro, cachorros e gatos. As vacas não eram tantas, mas nunca faltava leite. Vale lembrar que naquele tempo os primeiros filhos ajudavam na labuta desde a pré-adolescência e isso era normal para dar valor às dificuldades da vida, dizia Messias.” (pg. 28)
“Registro do Araguaia é hoje um pequeno povoado, que pertence ao município de Montes Claros, antes conhecido como Salobinha, nome designado ao povoamento que foi estimulado graças a uma mina de água tida como milagrosa. O povoado pertencia originalmente a Registro do Araguaia, que foi distrito da Cidade de Goiás desde 1902 e outrora fazia parte do caminho dos “Bandeirantes”, local de parada obrigatória para contagem de ouro vindo do Mato Grosso, com passagem no Rio citado acima, o Araguaia. A antiga “Salobinha” perde seu nome na emancipação da cidade, em 23 de outubro de 1963, pela Lei nº 4.717. Então mudou o nome do povoamento para Montes Claros de Goiás, que transformou-se em município instalado de fato em 1º de janeiro de 1964. Desde então, Registro do Araguaia troca os papéis e passa a povoado do município instalado. Foi nessa região, chamada “sertão goiano”, que nasceu Messias Ribeiro Leite, filha de Berilo José Leite e Algemira Ribeiro Leite. Messias é a quinta filha de doze. Ela, que desde menina fora atenta a tudo ao seu redor, aprendeu a lidar com os perigos e diferenças nas variadas situações, cresceu entre os irmãos, sempre observando as dificuldades da vida e a mão firme de sua mãe para educar os filhos, que sempre ensinou a tratar os mais velhos com educação e respeito. (…)
Araguaiana foi a cidade em que Messias, com irmãs e irmãos estudaram nos anos de 1930. De toda a irmandade, foi ela a que mais estudou, somando o equivalente ao primeiro grau de hoje. Isso inicialmente em Araguaiana, Mato Grosso, pois depois de casada ela voltou a estudar e se formou professora em Trindade e Goiânia. Araguaiana fica às margens do Rio Araguaia, do lado oposto de Registro do Araguaia, Goiás.” (p. 23)
CERTIDÃO DE NASCIMENTO DONA MESSIAS
“Quando nasci, meus pais moravam numa casa de pau-a-pique. É assim mesmo que eram chamadas as casas da maioria dos moradores da “roça” daquele sertão. Chamávamos de pau-a-pique por causa das paredes que eram feitas com pedaços de paus roliços enfileirados. As portas também eram assim, só que os paus ficavam soltos para serem retirados durante o dia, os demais eram fincados no chão, tudo bem amarrado, para ficar protegido do focinho de porco e animais selvagens a procura de alimentos. Os esteios eram feitos com madeira bem grossa. As casas eram cobertas com palha de buritis. Telhas nas fazendas daquela região era difícil. No lado do Mato Grosso a gente via mais casas dos grandes fazendeiros. No Registro também tinha.
Papai pegava empreitadas tanto nas fazendas de Goiás, como nas de Mato Grosso. Ele era considerado o melhor carpinteiro da região. Por isso mesmo era chamado para pegar empreitadas nas grandes fazendas. Fazia todos os serviços de madeiramento, como assoalho de madeira, estrado de telhado, cercas em volta da casa e construções de currais. Contudo, a nossa casa era sempre de palha de buriti e o chão era batido, daqueles que a gente jogava terra e pisava até o chão ficar firme.”
“Minha mãe contava que sempre que meu pai pegava nova empreitada, ela rezava e pedia a Deus para realizar o sonho de um dia ter uma casa de telha e que mudaria para um lugar onde tivesse melhor condição para cuidar dos filhos, até que meu pai conseguiu juntar posses, comprar terra e uma casa em Araguaiana. Isso depois do falecimento do meu irmão Clarismundo, que era mais novo que Fabiano. Lembro muito bem da despedida de meu irmãozinho, o quanto mamãe chorou.
Pouco tempo depois fomos morar em Araguaiana. Lá tivemos uma casa com parede de adobo e telha de barro. Foi nesse período que comecei a estudar. Ia completar 7 anos e já sabia fazer o “a,e,i,o,u”, gostava muito de brincar com lápis, escrever e desenhar. Assim tomei gosto pelos estudos e era elogiada por todos. Algum tempo depois voltamos a morar no Distrito de Registro do Araguaia e papai voltou a pegar empreitadas, passando dias fora de casa. Contudo, mamãe ficava em Registro, pois vários filhos estavam estudando. Mesmo com toda a dificuldade em atravessar o Rio. Eu não faltava às aulas. O Distrito de Registro do Araguaia era visto como lugar importante, tinha cartório de registros, mas não tinha escola. O Colégio Salesiano ficava em Araguaiana, às margens esquerda do Rio Araguaia, só que do lado oposto, pertencente ao Mato Grosso. Homens e mulheres estudavam em prédios separados; as mulheres, tinham aulas com as freiras e os homens, com os padres.”
“Em 1939, papai levou todos nós para morar na Fazenda Mutum, contudo, não deixou de pegar empreitadas de carpintaria em outras fazendas. Numa dessas empreitadas, trabalhando debaixo de sol e sereno, distante de casa, certamente comendo mal, pegou pneumonia. Voltou para casa com muita febre, ficou acamado alguns dias e faleceu em casa, com 44 anos de idade. A mamãe era uma senhora pequenina e parecia franzina, mas tinha uma valentia sem igual, suas ordens eram severas e todos nós obedecíamos rigorosamente. Ela criou os filhos praticamente sozinha. Era da terra que tirava quase todo nosso sustento, inclusive o algodão para fiar e fazer nossas roupas, em especial as de cama e as dos homens. Ela sabia que às vezes a voz de um homem era necessária, então contava com interferências dos irmãos quando ia negociar algum produto. Vejam nas fotos de meus familiares que as roupas eram bem costuradas, os homens de ternos demonstra que a nossa situação era um tanto melhor do que a de muitos na região. Muito embora nossa vida não era nada fácil.” (pgs. 29 e 30)

IOLANDA E FRANCISCA, IRMÃS DE MESSIAS
MÃE DE DONA MESSIAS FIANDO
DONA MESSIAS COM IRMÃOS
DONA MESSIAS EM ARAGUAIANA, EM 2009
DONA MESSIAS E IRMÃS
“O trajeto para Trindade não seria tão complicado se fosse como é nos dias atuais, com a comodidade de transportadoras de vários estilos. Mas, naquela época, tudo era mais difícil a ser transportado. As estradas não eram essas de hoje, eram caminhos de tropeiros e/ou desvios em fazendas para pouso. O que tornava a distância maior ainda. No trajeto do percurso, tinha- -se a preocupação de seguir também as curvas do rio, sempre com a preocupação do lugar de pouso, tendo em vista que não era uma viagem só com homens, ou seja, só de tropeiros, tinha o zelo com o descanso para senhoras e crianças. A quantidade de pousos, no entanto, fez o trajeto ainda mais dificultoso, o que hoje se percorre em aproximadamente seis horas foi feito em 19 dias. Fazer uma mudança, em lombo de burro, era tarefa nada fácil.” (pg. 132)
“No dia 26 de fevereiro de 1948, à tarde e sem almoço, chegaram a Trindade. Diolina esposa de Miguel Cazé primo de Bites estava avisada e esperava pelos parentes de seu esposo, ela preparou almoço para todos da comitiva. O primo Miguel Cazé e a esposa Diolina fizeram uma boa recepção e deram guarita naquela noite para as mulheres e crianças. O restante da mudança e demais familiares ainda levou mais dois dias para chegar. Cazé já havia reservado uma casa de aluguel para a família de seu primo Bites. Ao amanhecer, levou Messias e Celestina para conhecer o lugar e ir arrumando as coisas para sua morada. Aos poucos as coisas foram se ajeitando. (…)”
“Bites ao sair de Goiás foi até Santana-BA, para rever os parentes e tentar negociar as terras que havia deixado aos cuidados de pessoas de sua confiança, voltando para Trindade somente no início de maio de 1949.”
“Trindade é uma cidade com Turismo religioso, cerca de 18 quilômetros da capital goiana. O início da romaria se deu graças a um medalhão de barro encontrado por volta de 1840 nas terras de Constantino Xavier e Ana Rosa de Oliveira, um pioneiro da região temente à Palavra de Deus, que veio de Minas Gerais na década de 1830, donos da Fazenda “Barro Preto”, hoje centro da cidade. O medalhão encontrado media “meio palmo”, aproximadamente 8 cm, com a representação da Santíssima Trindade, coroando a Virgem Maria, ficando assim: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo em forma de pomba, conforme é narrado no Evangelho a coroação da Mãe de Jesus. Isto faz de Maria a primeira Cristã e em Maria, todos que acolhem Jesus em seus corações, são cristãos. Mostrando as três figuras da Trindade, Deus, Uno e Trino. O casal ficou encantado com o medalhão e começou a rezar o terço, inicialmente em casa, assim como os primeiros cristãos, demonstrando a devoção ao Divino Pai Eterno no Centro Oeste Brasileiro, “Coração do Brasil” como dizem os trindadenses. Depois, Constantino construiu uma capela coberta com palha de buriti, reunindo vizinhos e amigos. A história da reza se espalhou e mudou a vida das pessoas naquela região, aumentando dia-a-dia a romaria para rezar nos “pés do Pai Eterno”. Vários relatos de milagres estão expostos no Museu do Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade, Goiás. Em 1842, Constantino fez a doação do terreno para a construção do
Santuário. Em 1848, o casal expôs o medalhão de barro ao público. Constantino viu que precisava restaurar o medalhão. Então, pegou seu cavalo e andou por mais de 120 quilômetros, estava à procura do artista plástico goiano, Veiga Vale, que morava em Pirenópolis. O escultor José Joaquim da Veiga Vale o aconselhou a fazer uma réplica em Madeira com tamanho maior. Essa é a que está exposta até hoje na Matriz do Divino Pai Eterno. Em 1854 construiu uma capela maior, coberta com telha. Nesse ano Constantino faleceu. Segundo os romeiros, a fé e o amor ao Pai Eterno é que traz tanta gente até a capital da fé de Goiás na tradicional festa do Divino Pai Eterno, também conhecida como a Festa da Trindade. É um movimento cultural e religioso, que atrai romeiros de todo o território brasileiro e países vizinhos.”
(pgs. 133 e 134)
IGREJA DO DIVINO PAI ETERNO, EM TRINDADE
INTERIOR DA IGREJA DIVINO PAI ETERNO, EM TRINDADE
“O pequeno povoado onde Messias morou durante 23 anos, de 1950 a
1973, é um lugar tranquilo, que foi formado como a maioria dos povoados
desse país, com a peculiaridade de passagem de estrada carreira (Carro de
Boi) que dá acesso pelo lado esquerdo de frente da igreja, pois a entrada de
acesso à rodovia pela direita tem a ponte do Rio Fazendinha.” (pg.185)
CEDRO
“Na Fazenda Cedro, Messias sabia também que a vida na roça não
seria fácil, pois morou muitos anos em fazenda quando solteira e lembrava
bem desse tipo de dureza. Messias seria professora pela primeira vez,
embora gostasse de ajudar nas tarefas de todos que aproximassem dela
com caderno. Nunca tinha exercido essa tarefa como profissão. Naquele
momento não sabia de quem eram as terras nos arredores da escola rural,
mas sabia que tinha uma escola construída, só mais tarde descobriu que as
terras eram do Senhor José Gerônimo, e que ele era homem respeitado e
dono da Fazenda Cedro. Ele doou dois alqueires para o governo construir
uma escola rural ali (de certo para abater em impostos), essa escola não
existe mais.” (pg. 189)
7 DE SETEMBRO DE 1950, ESCOLA ISOLADA CEDRO
ESCOLA SÃO SEBASTIÃO, DE 1959
ESCOLA MUNICIPAL DE SÃO SEBASTIÃO, EM 2008
“Messias gostava de visitar o povoado onde a maioria de seus filhos nasceram. Sentia-se bem em conversar com seus antigos amigos, moradores que permanecem naquele povoado. Seu Candim nos contou que mudou para o Cedro em 1941, sendo hoje o morador mais antigo do povoado. O casal (Candim e Beijo) contou sobre a cerimônia onde se casaram no ano de 1944, na igreja matriz de Trindade, a qual fora celebrada pelo Padre Pelágio (menciono a importância do citado padre para a população goiana, hoje em processo de Beatificação), e que a comemoração do matrimônio foi realizada em uma barraca feita com folhas de coqueiro no povoado do Cedro. O casal tem oito filhos, quatro ainda moram no povoado. No mesmo dia em que fora tirado fotos dos antigos moradores foram feitas entrevistas sobre o povoado daquela época e veja o que disse Dona Beijo sobre o Cedro: “Gosto de morar aqui no Cedro, desde que casei, em 1944. Vim morar aqui e nunca mais mudei, foi aqui que tive meus filhos, alguns deles casaram e foram embora, mais a maioria ainda moram aqui” (pg. 212)
MORADORES DO CEDRO, 1953
O SINEIRO DO CEDRO, POR ALICE BITES
“A mudança do Cedro para a cidade de Trindade aconteceu no dia 13 de janeiro de 1973. No povoado as pessoas demoraram a acreditar que Seu Bites e Dona Messias iriam se mudar dali. A afilhada de Bites, Corina, continuou morando no Cedro. Bites combinou com Corina e José para cuidar da casa, dos utensílios e alguns objetos, pois estes não cabiam na casa de Trindade. Corina cuidava também das plantações, dos animais e da chácara. O quintal era enorme, muitas frutas, horta, chiqueiro e galinha. Messias sabia que na cidade tudo seria diferente. Para Messias nem foi tão difícil adaptar na cidade, pois ela veio transferida como professora e além dessa profissão ainda tinha as costuras que ela já estava acostumada. Às vezes costurava quase a noite toda para entregar as encomendas no prazo certo para clientes de Trindade. Isso desde o Cedro e ainda tinha as crianças para cuidar. Quando Dona Messias mudou do Cedro para Trindade exercia a profissão de professora pela rede estadual e era diretora da única escola no povoado. Porém, com a mudança ficou como professora noturna no ano de 1973 e 1974, fazia atendimento do Ipasgo e aulas de corte de costura. Foi transferida para o Grupo Escolar Alfredo Nasser, que funcionava no prédio do Dom Prudêncio apenas a noite. Lá Dona Messias passou também exercer cargo de diretoria e trabalhou à noite até aposentar em 1982. Contudo, em 1975 voltou a trabalhar no Povoado Cedro pela rede municipal no turno vespertino e pela manhã continuava a se ocupar com Ipasgo e costuras. Sua vida foi sempre assim, corrida.” (pg. 215)
PROFESSORA MESSIAS DANDO AULA DE CORTE E COSTURA EM 1976
“O motivo da saída do Cedro para Trindade foi a saúde debilitada do marido de Messias. Ele esteve hospitalizado por 34 dias nos meses de abril e maio de 1972, no Hospital Santíssima Trindade, hospital esse que João Bites foi sócio. O médico, Doutor Ediberto Marcolino Viera, amigo pessoal de Bites, conversou com a dedicada Dona Messias sobre os riscos de morar distante do hospital e a orientou que deveriam mudar para a cidade, para que pudesse fazer um acompanhamento mais de perto.” (pg. 219)
“A saída da casa de Trindade para Taguatinga/DF foi de comoção. Messias havia aposentado como professora pela rede estadual. Porém antes da sua migração para o Distrito Federal passou por um doloroso processo de tratamento de câncer, quando pela primeira vez teve que cortar os cabelos, devido à quimioterapia. Até em então seus cabelos eram longos, em especial após o casamento. Mas tudo que Messias enfrentava era de cabeça erguida, desta vez não foi diferente. Ela cortou os cabelos.” (pg. 233)
“Em 1983, já aposentada, Dona Messias é convencida pelo filho Arquiarino a mudar-se para Taguatinga-DF. Alguns filhos já residiam no Distrito Federal e aos poucos foi trazendo os irmãos, não lhe sobrando outra saída senão reunir os filhos aos quais ensinou o valor da união familiar. Dona Messias migra em destino à Brasília, especificamente para Taguatinga.” (pg. 235)
“Arquiarino foi o corresponsável em trazer Messias para o Distrito Federal, pois havia trazido Arquicias, para cuidar da Lanchonete 727, localizado na Praça do DI em Taguatinga, uma lanchonete que Arquiarino adquiriu e precisava de alguém para tomar conta. Ali era um point de Taguatinga naquela época. Arquicias e Arquiarino foram a Trindade e convidaram a matriarca para se mudar para Taguatinga, e ela decidiu rápido. Prontamente arrumou a mudança e foi com os filhos, Arquisio, Arquicelso e Oldack.” (pg. 236)
“O tempo em que Messias morou em Taguatinga foi de aluguel. Parece até que aquela ida para Taguatinga seria apenas a ponte para sua ida para Valparaíso. A mudança para Brasília não interferiu nos bens materiais da matriarca, pois ela foi firme em dizer que não venderia a casa de Trindade e que um dia voltaria a morar lá. (pg. 238)
DONA MESSIAS COM O NETO JOÃO BITES E O FILHO JOÃO OLDACK, PAGENS DE CASAMENTO EM TAGUATINGA
“Assim como a maioria dos que ajudaram a formar as cidades do entorno do Distrito Federal, Dona Messias também deixo o quadrilátero e foi para o entorno dele. Em dezembro de 1983, mudou-se para Valparaíso um núcleo residencial que pertencia ao município de Luziânia-Goiás, cidade tradicional
do Estado de Goiás, Terra de muito ouro no Período aurífero de Goiás. Lá foi
registrado como Arraial de Santa Luzia naqueles tempos, depois abandonado, ficando apenas os grandes fazendeiros. Mais tarde, parte desses terrenos foram doados para formação do quadrilátero, que hoje faz parte do Distrito Federal. Pois bem, esse quadrilátero faz parte do Planalto Central, região que antes era apenas caminhos de um lugar para outro. Nesse território, as tropas de Bites atravessou quando este também era retirante, Bahia para Goiás, e anos depois Messias foi morar no entorno dele. Tudo era novo para ela, assim como era também para muitos retirantes do nordeste e outras regiões do país.” (pg. 236)
“Quando Messias migrou para Valparaíso, ali ainda era apenas um núcleo habitacional e fazia parte do município de Luziânia -GO. No mesmo ano de sua chegada, 1984, junto com sua nora Divina e os filhos Antônio e Arquicias fundam uma escola particular, que se iniciou principalmente com a experiência da educadora/matriarca, que trabalhou como professora de 1950 a 1982. Estava aposentada, tinha tempo disponível e o conhecimento adquirido ao longo dos tempos, somados à experiência de seu filho Antônio, que já havia sido diretor de escola em Trindade. Messias firmou outras escolas. Primeiramente a do Cedro em zona rural; a pública, depois, no povoado, a escola particular São Sebastião e o Grupo Escolar do Cedro, e também Escola Alfredo Nasser em Trindade, citada no capítulo que fala sobre Trindade. Messias tinha o dom de conquistar as pessoas e gostava muito da área educacional, não diferente de seus filhos e nora, que foram tão importantes quanto ela na construção do CEBAM.” (pg. 241)
FRENTE DO CEBAM
“No dia 26 de dezembro de 2009, Dona Messias coloca as coisas no caminhão de mudança e deixa na casa de Valparaíso só o básico, assim como era na casa de Trindade, enquanto morava em Valparaíso. Os filhos e netos de Valparaíso ficaram chorosos, mas ela, firme como sempre, levantou a cabeça e disse que ela já havia tomado a decisão. Tanto que quase não esperou a reforma da casa de Trindade ficar pronta. Já os filhos que moram em Trindade, Goiânia e Anicuns fizeram “a festa”, pois fazia tempo que esperavam por esse momento.” (pg. 263)
“Em março de 2010, Messias passou por uma cirurgia com um corte em formato de “T” no abdômen e teve uma recuperação encantadora. Os médicos sempre ressaltavam que a vontade dela em viver e a fé que demonstrava eram seus melhores remédios. Em menos de sessenta dias já estava viajando para Valparaíso para rever a escola que fundou e conferir o funcionamento da mesma, na qual ela ainda assinava como Secretária Geral. Dois meses após novos exames indicaram a necessidade de uma nova cirurgia, desta vez no pulmão. Messias foi até Valparaíso e transferiu os documentos, passando para a neta Aline o exercício de secretária da escola. Ainda no dia 10 de Agosto participou da gincana escolar do Colégio CEBAM. Ali foram feitos os últimos registros fotográficos de sua presença. No dia vinte e seis de agosto, Dona Messias internou-se no Hospital Araújo Jorge em Goiânia para o procedimento cirúrgico. No dia vinte e oito teve hemorragia interna e no dia 30/8/2010 partiu para a eternidade.” (pgs. 263 e 264)
LEMBRANÇA ENTREGUE NA MISSA DE 7º DIA