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Educação

Educação foi um tema estruturante de toda a vida de Dona Messias. Desde a preocupação de seus pais com os estudos da família, à união com João Bites, que também compartilhava da mesma crença, Dona Messias teve sua vida marcada pela educação.

Todos os seus filhos estudaram, mesmo em condições difíceis, como as registradas por Alice Bites. E Dona Messias se tornou uma referência de saber não apenas no seu extenso círculo familiar. Sua luta é reconhecida no município de Valparaiso, onde além do Colégio CEBAM, tem seu nome celebrado em uma escola pública, e em Trindade, onde igualmente foi homenageada com uma Escola Municipal que leva seu nome.

Em todos os seus atos, a sensibilidade da crença de que a educação é um direito, de todos. Adiante, trechos do belo livro de Alice Bites que destacam essa sensibilidade…

PREOCUPAÇÃO DE BERÇO

“Os pais de Messias se preocupavam em dar estudos aos filhos. A Fazenda Mutum era próximo do Registro do Araguaia, onde Algemira tinha casa quase no barranco do Rio Araguaia. Do outro lado do Rio ficava o Colégio Salesiano. Foi lá que Messias e seus irmãos estudaram.” (pg. 38)

“Voltando ao assunto dos estudos de Messias, sem dúvida, foram eles que facilitaram a sua vida futura. Ela foi a única da irmandade que se formou professora. Sua trajetória, às vezes dolorosa, aos poucos foi transformando em boas realizações.” (pg. 40)




DONA MESSIAS TRABALHANDO, AOS 84 ANOS
ESFORÇOS E SACRIFÍCIOS PARA ESTUDAR

ANTONIO BITES
“Para continuar os estudos foi preciso muito esforço e disposição, pois a dificuldade de transporte do povoado do Cedro para a cidade de Trindade desanimava a maioria absoluta dos moradores do povoado. Junto com seu pai foi à cidade e comprou uma bicicleta e resolveu estudar à noite. Para isso era necessário pedalar 6 léguas (1 légua equivale a 6Km) todos os dias, saindo do Cedro às 5h da tarde para chegar a tempo da aula, que começava às 7h no Ginásio Estadual Pe. Pelágio. Depois das aulas ia dormir em um quartinho na casa da “Tia Tóda” e saía de madrugada para chegar ao Cedro e dar aula no Grupo Escolar São Sebastião. Depois, em 1970, só o Antônio continuava estudando à noite, pois havia arrumado emprego de professor em Goiânia. O amigo José Dentista ofereceu a casa para Antonio dormir. Contudo, o irmão Arci buscou o colchão e o chamou para casa dele.” (pg. 67)

ARQUIVALDO BITES
“Arquivaldo, assim como os outros irmãos, estudou no Cedro até o 4º ano primário como era chamado na época, ajudou os irmãos na lida do dia-a-dia e também pedalou 32 quilômetros diários para dar continuidade aos estudos, com a diferença que agora eles iam pela manhã. Juntamente com os irmãos Arquimedes e Ari saíam do Cedro às 5h30 da madrugada. Ele, Arquimedes e o Ari só almoçavam quando chegavam de volta.” (pg. 73)

ARQUIARIANO
“Arquiariano também estudou no Cedro até concluir o “primário”.
Para dar continuidade aos estudos passou a ir com os irmãos mais velhos,
pedalando sua bicicletinha (aro 22), por 32 quilômetros diários, e digo no
diminutivo porque a bicicleta dele era pequena mesmo.” (pg. 77)

TRAJETÓRIA COMO PROFESSORA

“Em 1950, Bites consegue uma nomeação pela rede pública do Estado de Goiás (período de intervenção) para a sua esposa Messias trabalhar como professora. Só existia vaga na zona rural, região da fazenda Cedro, no município de Trindade. Isto fez com que mudassem para a zona rural e sua esposa vai dar aula na “Escola Isolada Fazenda Cedro”. Messias se consagra professora, nomeada no governo de Coimbra Bueno em 08 de maio de 1950.” (pg. 187)

NOMEADA PROFESSORA PELO ESTADO, EM 1941 

“Messias concluiu o curso de magistério em 1975, antes ela era professora leiga (sem especialização em magistério), juntamente com sua filha Celeste e as amigas e ex-alunas Terezinha e Osana Vaz de Figueiredo. Em 1976 fez curso de aperfeiçoamento em técnicas em ensino e psicologia escolar e passou a ser diretora do Colégio Alfredo Nasser, no turno noturno.” (pg. 222)


FORMATURA DE MAGISTÉRIO DE DONA MESSIAS, EM 1975
 
DONA MESSIAS NA SUA FORMATURA

“Em 1951 Messias foi exonerada da rede estadual por perseguição política. Em abril do mesmo ano muda-se para o povoado na Fazenda Floresta que faz divisa de terra com a Fazenda Cedro. No local havia um pequeno número de casas próximas umas das outras e uma pequena capela que pertencia à fazenda do Senhor Horácio. João Bites propõe aos moradores construirem uma igreja maior. Todos que moravam ali eram católicos e gostaram da ideia. Bites também promete aos pais que conseguiria colocar cadeiras na igreja para servir de escola para que as crianças não ficassem sem as aulas. Funda a Escola Isolada São Sebastião, onde a professora Messias deu aula gratuitamente contando apenas com a ajuda dos pais, que contribuíam como queriam ou podiam.” (pg. 189)



DIÁRIO OFICIAL COM EXONERAÇÃO

“A primeira vez que Messias foi nomeada professora, foi pela rede estadual em 1950, final do mandato do governo de Coimbra Bueno, conforme pode-se comprovar pelo documento na página 187. O sucessor dele no governo, foi Pedro Ludovico Teixeira. Com a troca de governador veio a primeira exoneração da professora Messias, que provocou a mudança de residência para o povoado ali perto mesmo. Sua moradia enquanto professora, até então, era na casa ligada à escola rural, e com a exoneração do cargo, teve que desocupar tal casa.
Vem outro recomeço na vida da família. Uma vida nova, as pessoas do povoado já gostavam da professorinha e logo veio outra nomeação, dessa vez pela rede municipal de Trindade. Em julho de 1951 o então Prefeito Municipal Jonas Pires de Campos Júnior, amigo pessoal de Bites, nomeou Messias Leite Leão, que ficou no cargo durante todo o mandato dele que encerrou em março de 1955.
Messias foi exonerada novamente por perseguição política, pelo prefeito eleito Hilton Monteiro da Rocha. Mas a professora Messias já estava com autorização de funcionamento da escola particular desde a outra exoneração, portanto continuou com os alunos matriculados e as aulas no turno matutino, como já foi explicado. A escola tinha registro de particular, mas não tinha mensalidade e nem contrato de pagamento, era um compromisso de estudo e aqueles que podiam, à medida da fartura em casa, levavam algum fruto da terra para a professora. Assim a professora Messias deu continuidade aos ensinamentos, mesmo sem remuneração pública até o ano de 1966, quando foi nomeada novamente pela rede pública de Goiás, e então permaneceu no cargo até aposentar-se, em 1982. Embora não tenha escapado de outras perseguições, as quais ela recorreu e conseguiu, por direito garantido em lei, continuar em permanência até sua aposentadoria. (pg. 194)

CEBAM – O GRANDE LEGADO

“O Colégio CEBAM foi fundado com aproximadamente trinta alunos de pré-escola pela matriarca, protagonista desse livro e por sua nora Divina Lourenço de Melo Leão, em 4 de março de 1984, com o objetivo de proporcionar educação primeiramente aos filhos dos filhos, familiares e amigos procedentes de Trindade/Goiás. Funcionando de início em uma pequena casa na Quadra 22, Casa 04, Etapa “A” de Valparaíso de Goiás, recebeu o nome de “Balão Mágico” por influência de um grupo musical infantil de sucesso na época.

A confiança no trabalho realizado fez com que os pais dos alunos insistissem na abertura de turmas de primeira à quarta série e assim ano a ano a escola foi crescendo. À medida que a primeira turma de Ensino Fundamental concluiu a então oitava série, abriu-se uma turma de Ensino Médio. Então fez-se um concurso para um novo nome para a escola, que seria mais apropriado, tendo em vista que já não eram mais só crianças. Os adolescentes e jovens que ali estudavam, incentivados por professores, fizeram até campanha para escolha do nome, permanecendo CEBAM, com o acréscimo do termo Colégio. Assim a razão social é Centro Educacional Balão Mágico, e “Colégio CEBAM”, como nome fantasia.” (pg. 245 e 246)

“Atualmente, o Colégio CEBAM oferece cursos de Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, com opção de tempo integral e também parcerias para aulas de balé, de hidroginástica, artes marciais e cursos de Inglês e Espanhol. Conta ainda com uma ampla infraestrutura com playground, piscina, duas quadras poliesportivas, salão de festas, 23 salas de aulas, laboratórios, biblioteca, salas de recursos multifuncionais, auditório, sala de leitura, brinquedoteca e dependências administrativas. A alegria nas festividades do Colégio conta com presença marcante dos pais, e a “Vó” Messias, como era conhecida lá, gostava de estar presente em todas as apresentações, via e fazia ressalvas do esforço coletivo dos alunos e funcionários. Ela sempre pregou que a valorização faz parte da empreitada na busca pelo conhecimento, pois tinha a compreensão de que a vida estudantil requer objetivos e metas pré-estabelecidas e mais ainda exige dedicação, resistência e disciplina a fim de se atingirem os propósitos, enfrentando desafios para obter sucesso.

A “Vó Messias”, que também era da direção do Colégio CEBAM, fazia questão de que fosse declarada a preocupação em formar pessoas capazes de criar espaços, adequando-se ao meio em que vivem e que desenvolvessem o melhor de si. Ela tinha consigo de que aquele que melhor se prepara ocupa os melhores lugares e concluía, o melhor é se preparar. Tanto que vivia a repetir que o melhor que se pode deixar para um filho é o estudo. Quase todos seus filhos têm curso superior.” (pg. 246 e 247)

“No Colégio CEBAM era onde Messias se sentia em casa. Com direito de ouvir mais de 100 netos a toda hora. E por falar nisso, é bom explicar a história do “Vó”. Dona Messias, pela tarimba que carregava, gostava de adular menino que chorava por falta dos pais, então, teve facilidade em ficar com as crianças que nunca tinham ido à escola. Com isso encantava aos pais que foram ensinando os filhos a chamarem a Dona Messias de “Vó”. Aos poucos todos os funcionários e todos que conheciam a simpática senhora da escola Balão Mágico já a chamavam também de Vó. Inclusive os da família, diziam muitas vezes “Sou filho da Vó”. Muitas pessoas do município também a conheciam por “Vó”. Hoje em Valparaíso há uma escola pública municipal infantil cujo o nome é homenagem à Vó Messias. Essa escola é situada na Etapa “B” do Valparaíso I.” (pg. 249)

DONA MESSIAS NA FRENTE DO CEBAM

DONA MESSIAS COM TURMA DO CEBAM


PROFESSOR DO CEBAM COM ESTANDARTE DO COLÉGIO 

PRIMEIRO DESFILE DE RUA DO CEBAM


DONA MESSIAS EM FORMATURA NO CEBAM 


DONA MESSIAS DISCURSANDO EM FORMATURA NO CEBAM
DONA MESSIAS É CELEBRADA EM TRINDADE E VALPARAÍSO

TRINDADE

“Em Trindade, Dona Messias recebeu em sua homenagem o nome de uma escola Municipal, localizado na rua São Geraldo, Vila Perpetuo Socorro, a antiga escola “Modelo”, é hoje denominada Escola Municipal Professora Messias Bites Leão. Conforme a Lei nº 1.403, de 30 de novembro de 2011, que fora aprovada por unanimidade pela Câmara de Vereadores. Foi acoplado no projeto o sobrenome “Bites”, que é do esposo de Dona Messias, pois em Trindade ela era conhecida por “Messias do Bites”. A contemplação foi pelo reconhecimento aos serviços prestados à comunidade trindadense. Além dos trabalhos nas escolas, Messias fazia o serviço de tirar guias para exames de laboratório e exames médicos aos funcionários da rede pública estadual sem nenhuma remuneração. Dona Messias fora professora no município de Trindade de 1950 até 1982, ano em que se aposentara. A escola que hoje tem seu nome é o local onde nos anos 70 aconteciam vários campeonatos de futebol de salão, fora reformada e reestruturada. Tanto a escola que funciona a mais de 50 anos, como a professora Messias Bites têm uma bela história de existência.” (pg. 268)


FRENTE DA ESCOLA MUNICIPAL

 

VALPARAÍSO

“Em Valparaíso, também Dona Messias recebeu homenagem com nome em escola. Essa não fora transferência de nome, fora criada uma escola nova para atender carência de unidade escolar. Nesse município, Dona Messias era conhecida por “Vó Messias”, dado o carinho que ela tratava a todos, e em especial as crianças. A história dela ficou conhecida por muitos moradores pioneiros da jovem Valparaíso de Goiás. Depois se espalhou pelo meio comunitário, através da igreja, escolas e pela família numerosa que ela tem. Os alunos do EMEI Vó Messias desenvolveram um projeto de arte em tela no ano de 2016, onde cada criança pintou uma vozinha para expressar o nome da escola, o qual foi aproveitado para trabalhar sentimento de respeito aos mais velhos nas crianças. (pg. 269)


FRENTE DA ESCOLA DE VALPARAÍSO COM SEU NOME 
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